12-05-20111. A Requalificação do Centro Histórico como factor de O espaço urbano da sede do concelho de Mogadouro é por definição o espaço polarizador do concelho, que aglutina os principais serviços e equipamentos. Nos tempos difíceis que este concelho vive, com o declínio da economiaagrícola, com o decréscimo populacional e com o envelhecimento da suaestrutura etária, a requalificação do Centro Histórico da Vila pode assumir primordial importância, numa estratégia alargada de inversão deste cenário, perspectivando e promovendo Mogadouro como destino turístico. Preservar o património cultural é em si uma responsabilidade colectiva masneste caso, é claramente uma necessidade estratégica.
O início do povoamento de Mogadouro data-se em 1272, quando D. Afonso III concede um Foral às povoações de Mogadouro e Penas Róias, no qual estabelece multas e reserva para si tudo o que os freires cavaleiros da Ordem do Templo detinham em Mogadouro. No ano seguinte, a 18 de Novembro de 1273, volta a conceder novo Foral reafirmando o seu poder sobre a posse da Vila de Mogadouro e os lugares do ermo. E estabelecendo impostos liberdades e privilégios. Os privilégios estabelecidos em Foral Régio traduziam-se em medidas de incentivo ao povoamento das terras do ermo de Mogadouro, designadamente na redução de impostos para as populações actuais e futuras que optassem por se instalar nessas terras não habitadas. A concessão de privilégios através de 2 Cartas de Foral em tão pouco espaço de tempo deixa perceber a vontade do monarca em tornar a Vila de Mogadouro um local atractivo e povoado. Note-se que a integridade do território na Idade Média Portuguesa passava pela criação de castelos e povoados, numa altura em que as preocupações se centravam na defesa e estabilização das fronteiras com o Reino de Leão e Castela. A 20 de Novembro de 1433 a Vila de Mogadouro é doada a Álvaro Pires de Távora, passando a ser gerida por esta família até 1759. Mogadouro conheceu a partir daí um crescimento assinalável e o próprio O desenvolvimento urbano medievo/renascentista é promovido para sul da estrutura militar e do pelourinho, sempre ao longo da linha de festo e de forma relativamente livre, já que não era contida em muros ou muralhas. O local do pelourinho é um dos pontos urbanos de referência para esse Em 1618 uma Carta Régia que concede licença para fundar um mosteiro em Mogadouro a Luís Àlvares de Távora, 4º Conde D. de S. João da Pesqueira e primeiro detentor do Título de Marquês de Távora, que iniciou, enquanto patrono, a construção do Convento de S. Francisco onde hoje está instalada a Câmara Municipal . O Convento implantou-se numa área livre e adjacente ao núcleo da Vila, tendo sido depois envolvida pelo seu crescimento urbano e iria depois influenciar o desenvolvimento urbano previsto para a Vila de Mogadouro, que se aproximou desta estrutura. È possível identificar uma linha de continuidade ao longo das ruas da Av. da República, seguindo pela Rua João de Freitas e continuando pela Rua dos Távoras até ao Largo do Pelourinho, determinada pela localização deste Convento de S. Francisco, alterando as perspectivas agendadas nos desenhos de Duarte de Armas que previa o crescimento para sudoeste. Em termos populacionais, existem registos datados no final desse Século, que contam na Vila de Mogadouro e no seu ermo 1630 fogos, para 5.641 almas, sendo 2.880 do sexo feminino e 1639 do sexo masculino. A Vila contava ainda com 51 eclesiásticos seculares, 12 clérigos regulares, 1 professor de Gramática Latina e um mestre de escola e professor de Filosofia e Teologia . A economia local era na altura centrada na agricultura e no comércio. A Com a execução dos Marqueses de Távora Mogadouro sofre um claro O convento de S. Francisco passa a acolher a repartição de Finanças e A Estação dos Correios, o Tribunal e a Casa dos Magistrados são algumas das obras emblemáticas que vieram consolidar o espaço urbano central da Praça Trindade Coelho e do Largo Eng.º Duarte Pacheco. No segundo quartel do século XX assiste-se a uma expansão extraordinária do espaço urbano da Vila, dando lugar à criação de uma nova estrutura residencial baseada na iniciativa privada, mais tarde balizada por um Plano Director que marca a necessidade da reorganização dessa dinâmica. Fonte: Relatório do P.P. do Núcleo Histórico de Mogadouro 3. Descrição da intervenção pretendida Espaço medieval Largos Trindade Coelho e do Tribunal (Eng.º Duarte Pacheco) Av. da N. S. do Caminho Em toda a intervenção existiu a preocupação de intervir de forma sustentável, adoptando soluções de baixo custo em termos de manutenção
A acção pretendida incidirá apenas na requalificação das infra-estruturas existentes de abastecimento de água, de saneamento, de iluminação pública, de comunicações, e na substituição de pavimentos. Ao nível de pavimentos pretende-se substituir o existente por calçada à fiada em cubo de granito serrado, de 11 cm de aresta, sem desnivelar ou distinguir faixas de circulação motorizada e zonas de passeio. A circulação automóvel ficará balizada com elementos metálicos ou outros balizadores similares, capazes de garantir segurança para os peões e disciplinar a convivência do automóvel neste espaços que o acolhem com dificuldade. Alguns largos serão também requalificados, mantendo a geometria actual, como o exemplo da fotografia a seguir, que integrará no mesmo plano a calçada em seixo e as árvores. Os contentores de recolha seleccionada devem ser deslocalizados ou substituídos por outros com menor impacto visual..
Pretende-se operar uma solução que dê unidade formal aos 2 Largos e que ao mesmo tempo mantenha a identidade de cada um destes espaço. A primeira opção é a de manter e recuperar o pavimento pedonal existente em calçada irregular de seixo com desenhos em basalto, que constitui um património interessantíssimo e um elemento de união formal de todo este contínuo urbano. As áreas de passeio a ampliar devem usar o mesmo pavimento em seixo irregular, podendo variar no figurativo. Nos pavimentos para circulação viária pretende-se substituir os paralelos em granito por um pavimento betuminoso, mais confortável e mais neutral. Outro aspecto importante será a requalificação dos 2 jardins existentes na placa central de cada Largo. A primeira opção assumida é a de retirar os automóveis das suas bordaduras, passando esse estacionamento para os lados contrários, sem diminuir a capacidade de estacionamento actual. Será uma forma de evitar que a leitura destes espaços verdes seja coarctada pela silhueta dos veículos. No Jardim Trindade Coelho as palmeiras devem ser substituídas por outras árvores que tenham mais a ver com a região. Os canteiros de flores devem manter-se porque fazem parte da cultura destes espaços, no entanto pretende-se que sejam alargados para dimensões mais generosas. Junto ao edifício dos correios, pretende-se criar um pavimento automóvel diferenciado, em lajedo de granito ou similar, capaz de permitir uma desejável reversão para espaço pedonal, no futuro, ampliando a área pedonal adjacente. Verifica-se entretanto que este espaço é usado para estacionamento dos No Jardim do Tribunal a intervenção passará por manter o arborizado e as áreas ajardinadas, promovendo apenas a requalificação dos pavimentos pedonais, recuperando a referida calçada figurativa de seixo e basalto. Pretende-se ainda dar a este jardim um interesse cultural através da introdução de espaços de mostras escultóricas de cariz etnográfico, havendo a intenção de convidar vários artistas locais a colaborar nesta iniciativa. A iluminação de todo este espaço urbano será feita de modo a que se tire partido do valor cénico dos jardins e das árvores existentes e com a adopção de iluminárias para os passeios capazes de se integrarem discretamente na arquitectura urbana. Ao invés de algumas soluções instaladas… 3.3 Na Av. de Nª. Sª. do Caminho, a acção pretendida incide na requalificação dos passeios existentes, na plantação de árvores de alinhamento e na remoção da fiada de estacionamento do lado da alameda pedonal da padroeira que dá nome ao eixo. Trata-se de uma intervenção da maior importância porque é o corredor de entrada no espaço urbano central da Vila e que foi desqualificado com a construção de uma frente urbana de muita má qualidade. Desta forma, a cortina arborizada permitirá absorver o impacto visual desta frente arquitectónica e ao mesmo tempo promover a climatização de um passeio largo, propício a esplanadas e a comércio activo. A capacidade de estacionamento é mantida do lado da frente urbana.
A estimativa orçamental ascende a um total de 3.757.125 € (três milhões setecentos e cinquenta e sete mil cento e vinte e cinco euros) abrangendo o conjunto de obras abaixo estratificadas: 4.1 Recuperação de calçada irregular figurativa de seixo e basalto; (5.622 m2 x 100€) 562.200 € |